Duas mães em luto encontram cura na UTI neonatal

27 de março de 2025 Redação

Em junho de 2023, Hailey Jensen deu à luz gêmeos, Banks e Theo, com apenas 23 semanas de gestação. Banks sobreviveu por dois dias antes de falecer, e Theo permaneceu na unidade de terapia intensiva neonatal (UTI neonatal) pelos cinco meses seguintes.

Foram meses de ansiedade e luto. Hailey e seu marido, Seth, não somente estavam lidando com a perda de seu filho, mas também enfrentavam a montanha-russa de emoções da jornada de saúde de Theo, que incluiu o diagnóstico de paralisia cerebral.

“Nesses momentos, você não olha para o quadro geral”, diz Hailey. “Você está no modo de sobrevivência, pensando: ‘Só estou tentando passar por mais um dia e esperando que o próximo seja um pouco melhor e um pouco mais fácil.’”

Uma pessoa que fez uma grande diferença foi Danielle Ames, uma enfermeira da UTI neonatal.

“Ela reanimou [Banks] tempo suficiente para que Seth e eu pudéssemos segurá-lo enquanto ele ainda tinha batimentos cardíacos”, diz Hailey.

Como a UTI neonatal tem um espaço aberto, Danielle também encontrou um quarto vazio na ala de parto para que os Jensens pudessem ter privacidade em suas últimas horas com Banks. Ela ainda se ofereceu para tirar fotos da família.

Uma forma única de ser enfermeira

Danielle sabia, por experiência própria, o quanto esses pequenos gestos significavam — ela havia perdido seu próprio bebê prematuro um ano antes.

“Isso me ensinou uma forma única de ser enfermeira”, diz Danielle sobre a morte de seu filho. “Nem toda enfermeira passa por uma situação em que perde um bebê e depois precisa se tornar um apoio para as famílias na UTI neonatal.”

Além de sentir que seu sofrimento aprimorou sua capacidade de servir no hospital, Danielle também encontrou cura ao ajudar outras famílias.

“Não consigo explicar o espírito que envolve a UTI neonatal nesses momentos de luto, quando uma mãe segura seu bebê [nos últimos momentos de vida]. O véu é tão fino, e o mundo espiritual está ali”, diz Danielle. “Amo ser a enfermeira nessa situação porque sinto que isso cura meu coração.”

Assim, durante os cinco meses de internação de Theo na UTI neonatal, a amizade entre Hailey e Danielle cresceu. “Criar laços com uma mãe que também perdeu um bebê é algo muito especial”, diz Danielle.

“Conversamos o tempo todo sobre como nossos meninos estão no céu brincando juntos. [Eu acredito que meu filho, Ollie,] estava lá para ajudar Banks a atravessar o véu. Sempre falamos sobre como eles são amigos e como somos gratas por termos uma à outra. … É um vínculo único e que nos ajuda a nos sentirmos melhor.”

Devolvendo o carinho

Depois de 148 dias na UTI neonatal, Theo finalmente pôde ir para casa em novembro de 2023. Em dezembro, Hailey e Seth quiseram fazer algo especial para as enfermeiras da UTI neonatal, para mostrar que os sacrifícios que elas fazem não passam despercebidos.

Então, com doações de familiares, amigos e uma empresa local, eles montaram quase 100 sacolas de presente e as entregaram na UTI neonatal na véspera de Natal.

Danielle estava de plantão naquela noite quando os Jensens chegaram.

“Foi realmente a melhor sensação”, diz ela. “A mãe e o pai da Hailey vieram, e eles trouxeram Theo. Não só estão sacrificando recursos para nos dar presentes, mas também estão vindo como uma família. … Amo ver esses pequenos milagres que cuidamos, irem para casa e depois voltarem para nos visitar.”

Pouco depois dessa visita de Natal, Hailey e Seth foram surpreendidos com a notícia de que estavam esperando outro bebê. Em julho de 2024, Hailey deu à luz uma menina, Ella, com 30 semanas de gestação.

Pela segunda vez na UTI neonatal

Contudo, Ella nasceu com sepse e meningite. Assim, menos de um ano após levar Theo para casa, Hailey e Seth se viram de volta à UTI neonatal por mais três meses.

“Fiquei muito feliz quando eles tiveram Ella”, diz Danielle. “Não que eu estivesse feliz por eles estarem de volta à UTI neonatal, mas fiquei animada por vê-los novamente. Eles cuidam tão bem das enfermeiras. É tão fácil servir famílias que são tão gratas por tudo o que a equipe médica faz. … Eles são uma alegria.”

Depois da internação de Ella na UTI neonatal, Hailey e Seth sabiam que queriam levar presentes para as enfermeiras novamente na véspera de Natal.

Dessa vez, conseguiram montar sacolas ainda maiores com a ajuda de várias empresas locais. Os kits incluíam itens como protetor labial, loção, elásticos de cabelo, canetas, energéticos, cobertores, álcool em gel e chicletes.

“Eu adoraria fazer isso pelo maior tempo possível”, disse Hailey. “[Doar] um pouco de volta nos ajuda a mostrar o quanto elas são importantes para nós. … Eu daria milhões de dólares para essas enfermeiras, se pudesse.”

Encontrar alívio nos planos de Deus

Entre todo o luto, estresse, dor e sofrimento que os últimos dois anos trouxeram, Hailey e Seth não negam que sua fé foi colocada à prova.

“Não é perfeito”, diz Hailey. “Há dias em que vemos as dificuldades que Theo vai enfrentar e pensamos: … Não quero saber de um Deus que me faz passar por coisas tão difíceis.”

Por outro lado, Hailey se apega às promessas da salvação mais do que nunca.

“Nada mais importa além dos convênios que fiz com Deus e meu Salvador, e saber que um dia verei [Banks] novamente. Encontrar alívio nisso é o que nos mantém firmes.”

Assim, Hailey e Seth dizem que, apesar de às vezes sentirem muita raiva e frustração por causa do sofrimento de seus filhos, também sabem haver muita esperança e muitas orações estão sendo respondidas.

“Nós testemunhamos dois milagres todos os dias”, diz Hailey sobre Theo e Ella.

“Às vezes, quando tudo parece difícil demais, só penso em como os médicos previram que seria a vida do Theo e em como ela já é muito diferente. Estamos olhando para um milagre vivo. Como você pode ver algo assim e não acreditar em Cristo? Não acreditar no Pai Celestial, no Seu plano e no Seu amor?”

Hailey e Seth reconhecem que o serviço cuidadoso e altruísta das enfermeiras da UTI neonatal ajudou a tornar esses milagres possíveis.

“Sem elas, não teríamos nenhum dos nossos filhos aqui conosco”, diz Hailey. “Nós temos Theo e Ella conosco, e isso é graças às enfermeiras.”

Fonte: LDS Living