Como um artista escolheu quais nomes colocar em uma escultura impressionante
“Todos são iguais perante Deus”. Por meses, Kody Keller ponderou sobre essas palavras, o tema do 12º Concurso Internacional de Arte da Igreja. Como ele daria vida àquela simples, porém profunda, frase?
Como professor de artes da BYU – Idaho, Keller surgiu com vários conceitos, mas não se sentiu bem em seguir com nenhum deles.
Então, ele ouviu o Élder Dale G. Renlund citar Isaías 49:16 na conferência geral de abril de 2021 e a direção que sua escultura deveria tomar finalmente ficou clara. O versículo em Isaías diz:
“Eis que em ambas as palmas das minhas mãos te tenho gravado; os teus muros estão continuamente perante mim”.
“Quando ouvi isso, virei para a minha esposa e disse: ‘Sei exatamente o que fazer na competição internacional’. Gostaria de receber o crédito pela ideia, mas verdadeiramente acredito que me foi dado”, disse Keller.
Keller se agarrou àquela inspiração e esculpiu cuidadosamente as mãos perfuradas e estendidas do Salvador das quais entitulou ‘Upon the Palms of My Hands’.
Cada mão tem aproximadamente 40 centímetros de comprimento, 23 centímetros de largura e 18 centímetros de altura.
As mãos são feitas de argila arenosa, o mesmo tipo de argila de que se fazem tigelas ou potes em aulas de cerâmica.
“Eu queria torná-las maiores do que apenas o tamanho natural. Eu queria que parecessem maiores do que apenas mãos mortais”, diz Keller. “Eu queria que as pessoas sentissem algo diferente quando se aproximassem delas”.
Mas o tamanho das mãos não é a única coisa que provoca emoção. Usando pequenos selos que ele pegou emprestado de um colega de trabalho, Keller marcou cerca de 800 nomes nas duas mãos. Ele diz que o processo de impressão dos nomes foi “bastante tedioso e demorado”.
Depois de passar cerca de 15 horas esculpindo as mãos, ele teve cerca de duas semanas para colocar todos os nomes em cada mão antes que a argila ficasse muito seca.
Enquanto trabalhava em uma das mãos, Keller colocou a outra em um saco para mantê-la úmida.
No total, ele dedicou 30 horas para trabalhar nos nomes. Em seguida, a peça teve que queimar por cerca de 48 horas, depois Keller passou cinco horas pintando-as. Confira o timelapse abaixo Keller trabalha nos nomes em uma das mãos:
E embora o trabalho às vezes fosse tedioso, a poderosa mensagem que Keller queria transmitir o manteve motivado a continuar trabalhando em nome após nome.
“Eu tinha visto muitas maneiras diferentes de incluir nomes nas mãos. Eu ia fazer uma mão com a história da minha família e a outra com a história da família de minha esposa. Eu buscava escrever os nomes das pessoas que conheci ao longo da minha vida”, diz Keller.
“No final das contas, eu queria que as mãos tratassem da inclusão e igualdade entre os filhos de Deus. Procurei nomes em todo o mundo que eram os mais comuns em cada país. Eu queria mostrar que, embora você possa ter o mesmo nome de 1000 outras pessoas ou mesmo de um milhão de outras pessoas, você é importante para nosso Pai Celestial como se fosse o único. Eu queria mostrar que o Pai Celestial se preocupa com cada um de nós individualmente, não importa o quão comum nos sintamos”.
Keller está em uma corrida contra o tempo para que a escultura fique pronta até prazo final da competição. Ele começou seu projeto no final de abril e o corte final para apresentação foi em 1º de junho.
Mesmo com a pressão para trabalhar com rapidez, Keller também teve que ter cuidado, as mãos esculpidas são ocas e muito delicadas.
“Não estou acostumado a trabalhar tanto tempo em algo tão frágil. Perdi muito sono depois de acordar de pesadelos em que via as mãos caindo no chão e se despedaçando”, disse Keller.
Ele até se lembra de uma noite em que pulou da cama para pegar a mão que caiu em um de seus pesadelos.
Ele destacou sua esposa Monica, por ajudá-lo a continuar e concluir o projeto no prazo.
“Tenho uma esposa incrível que está em sintonia com minhas necessidades enquanto me dedico a este projeto. Ela tem sido uma ajuda incrível e eu não poderia ter feito isso sem ela. Acho que o nome dela merece estar associado a esta peça tanto quanto o meu”, afirma.
Apesar do estresse e das longas horas, Keller sentiu uma conexão mais profunda com o Salvador e as pessoas ao seu redor por meio deste projeto.
“Aprendi que as pessoas querem ver seus nomes nas mãos do Senhor. Queremos saber se a Expiação está trabalhando em nossas vidas”, diz Keller.
“Pedi que as pessoas me enviassem mensagens no Facebook ou mensagens de texto perguntando se seus nomes estavam sendo incluídos nas mãos. Quando enviei uma foto de seus nomes, elas ficaram muito emocionadas.
Uma aluna veio ao meu escritório enquanto eu estava colocando nomes nas mãos e ela me perguntou se eu poderia incluir o dela, permiti que ela observasse enquanto colocava seu nome.
Essa peça os faz refletir sobre seu lugar e o sacrifício do Salvador por eles pessoalmente. Foi um processo muito tedioso colocar cada nome de maneira específica e correta nas mãos, mas imaginei o Salvador fazendo o mesmo com amor, com cada um de nossos nomes.
Esse projeto me fez entender mais sobre Seu íntimo conhecimento de cada um de nós.”
Se a peça de Keller for selecionada, ela poderá ser vista em uma exposição que será realizada no Museu de História da Igreja de março a outubro de 2022. Veja mais detalhes sobre a competição e exposição aqui.
Fonte: LDS Living