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A história de perseverança e coragem mais incrível que ouvi na vida

Uma das histórias mais impressionantes que ouvi sobre perseverança foi contada pelo Presidente Thomas S. Monson numa Conferência Geral há alguns anos. O relato fala de uma pessoa que perseverou e por fim venceu, a despeito de situações extremamente difíceis. Ela é uam mulher da Prússia Oriental, logo depois da Segunda Guerra Mundial.

Por volta de março de 1946, menos de um ano após o final da guerra, Ezra Taft Benson, que na época era membro do Quórum dos Doze, acompanhado por Frederick W. Babbel, recebeu o encargo especial de viajar pela Europa com o intuito específico de reunir-se com os santos, avaliar suas necessidades e prover-lhes assistência. O Élder Benson e o irmão Babbel contaram mais tarde, com base no testemunho que ouviram, a experiência pessoal de uma irmã da Igreja que foi parar numa região que já não era controlada pelo governo do país em que ela morara.

Ela e o marido tiveram uma vida de sonho na Prússia Oriental. Teve início, então, a Segunda Guerra Mundial. Seu amado e jovem marido foi morto nos últimos dias das terríveis batalhas travadas no seu país de origem, deixando-a sozinha para cuidar de quatro filhos.

As forças de ocupação determinaram que os alemães da Prússia Oriental deveriam ir para a Alemanha Ocidental procurar um novo lar. A mulher era alemã, portanto teve que ir. Era uma viagem de mais de 1.600 quilômetros, e ela não tinha como fazê-la a não ser a pé. Foi-lhe permitido carregar apenas alguns pertences básicos que conseguiu colocar em seu pequeno carrinho de rodas de madeira. Além dos filhos e uns poucos pertences, ela levava consigo uma vigorosa fé em Deus e no evangelho revelado ao profeta moderno, Joseph Smith.

Ela e os filhos começaram a viagem no final do verão. Sem comida nem dinheiro, foi obrigada a coletar seu sustento diário nos campos e florestas ao longo do caminho. Enfrentou constantes perigos ao deparar-se com refugiados em pânico e soldados que pilhavam.

À medida que os dias se tornaram semanas, e as semanas, meses, a temperatura caiu abaixo de zero. Ela seguiu trôpega a cada dia, andando sobre o solo congelado, com a filha caçula, apenas um bebê, nos braços. Seus outros três filhos seguiam-na com dificuldade, e o mais velho, de sete anos, puxava o carrinho de madeira contendo seus pertences. Tiras velhas de sacos de estopa envolviam seus pés, provendo a única proteção para eles, porque os sapatos, havia muito, tinham-se desintegrado. Contavam apenas com casacos leves e puídos que lhes cobriam as roupas leves e rotas como única proteção contra o frio.

Pouco depois, começou a nevar, e os dias e as noites se tornaram um pesadelo. À noite, ela e as crianças procuravam algum tipo de abrigo, um celeiro ou barracão, e se aninhavam uns aos outros para manter o calor, debaixo de leves cobertores tirados do carrinho.

Ela se esforçava muito para expulsar da mente o terrível temor de que pereceriam antes de chegar a seu destino.

Então, certa manhã, algo inimaginável aconteceu. Ao acordar, sentiu um calafrio no coração. O corpinho da filha de três anos estava frio e inerte, e ela percebeu que a morte havia levado a criança. Embora estivesse arrasada com o sofrimento, sabia que precisaria pegar os outros filhos e prosseguir a viagem. Antes, porém, usou sua única ferramenta, uma colher, para cavar uma sepultura no chão congelado para sua preciosa filhinha.

A morte, porém, seria sua companheira constante durante toda a jornada. Seu filho de sete anos morreu, de fome ou de frio, ou ambos. Novamente, sua única pá era a colher, e novamente ela cavou por várias horas para depositar carinhosamente os restos mortais dele na terra. Em seguida, seu filho de cinco anos também morreu, e novamente ela usou a colher como pá.

Seu desespero era devastador. Só lhe restara sua pequena filha bebê, que estava com a saúde debilitada. Por fim, ao chegar ao fim da jornada, o bebê morreu em seus braços. Ela havia perdido a colher, por isso cavou o solo congelado com as próprias mãos, por várias horas. Sua dor tornou-se insuportável. Como conseguiria ajoelhar-se na neve ao lado da sepultura de sua última filha? Tinha perdido o marido e todos os filhos. Havia perdido todos os bens terrenos, seu lar e até seu país natal.

Nesse momento de terrível angústia e total desespero, sentiu que seu coração literalmente se despedaçava. Em desespero, imaginou como daria fim à própria vida, como muitos de seus compatriotas estavam fazendo. Seria muito fácil pular de uma ponte das redondezas, pensou ela, ou jogar-se na frente de um trem.

Então, quando esses pensamentos a atormentavam, algo dentro dela lhe disse: “Ajoelhe-se e ore”. Ela ignorou o sentimento até não conseguir mais resistir a ele. Ajoelhou-se e orou mais fervorosamente do que jamais havia feito em toda a vida:

“Querido Pai Celestial, não sei mais como prosseguir. Nada me restou, a não ser minha fé em Ti. Sinto, Pai, em meio à desolação de minha alma, uma imensa gratidão pelo sacrifício expiatório de Teu Filho Jesus Cristo. Não consigo expressar todo o amor que sinto por Ele. Sei que, por Ele ter sofrido e morrido, eu viverei novamente com minha família. Sei que, por Ele ter rompido as cadeias da morte, eu verei meus filhos de novo e terei a alegria de criá-los. Embora neste momento eu não tenha o desejo de viver, eu o farei, para que possa reunir-me com eles como família e retornarmos — juntos — a Tua presença.”

Quando ela finalmente chegou a seu destino, em Karlsruhe, Alemanha, estava muito magra. O irmão Babbel disse que o rosto dela tinha uma coloração roxo-acinzentada, os olhos estavam vermelhos e inchados, e as articulações salientes. Estava, literalmente, em estado avançado de desnutrição. Numa reunião da Igreja realizada pouco depois, ela prestou um glorioso testemunho, declarando que, de todas as pessoas que sofriam em seu triste país, ela era uma das mais felizes, porque sabia que Deus vive, que Jesus é o Cristo, e que Ele morreu e ressuscitou para que todos possamos viver novamente. Testificou que sabia que, se continuasse fiel e leal até o fim, ela se reuniria com aqueles que havia perdido e seria salva no reino celestial de Deus.

Depois de contar essa história, o profeta disse:

“Testifico a vocês que as bênçãos que nos foram prometidas são imensuráveis. Embora se formem nuvens de tempestade, embora a chuva seja derramada sobre nós, nosso conhecimento do evangelho e nosso amor pelo Pai Celestial e por nosso Salvador vão consolar-nos e dar-nos alento e alegria ao coração, se andarmos em retidão e guardarmos os mandamentos. Não haverá nada neste mundo que possa nos derrotar.

Meus amados irmãos e irmãs, não temam. Tenham bom ânimo. O futuro é tão brilhante quanto sua fé.”

Extraído da Conferência Geral de abril de 2009. Leia o discurso aqui.

Nota: a imagem que ilustra esse artigo foi extraída da internet não é da mulher citada na história. Trata-se de uma mulher da Prússia que viveu em época aproximada das circunstancias narradas acima.

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