Perguntas e Respostas: o que é o Manuscrito Spaulding?

No início do século XIX, Solomon Spaulding, um ex-pastor, escreveu um romance intitulado Manuscrito Encontrado. A história fictícia narrava a jornada de um grupo de romanos antigos que, após serem desviados por tempestades durante uma viagem à Inglaterra, acabaram na América do Norte. Lá, um dos romanos descreve as aventuras do grupo e as culturas dos povos que encontraram, incluindo duas nações que viviam próximas ao rio Ohio.

Como surgiu a Teoria Spaulding?

Décadas após a morte de Spaulding, críticos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias alegaram que Joseph Smith teria usado o manuscrito de Spaulding como base para o Livro de Mórmon. Essa teoria surgiu inicialmente por volta da década de 1830, quando um ex-membro da Igreja, Doctor Philastus Hurlbut, reuniu depoimentos de pessoas que supostamente conheciam Spaulding e sua obra.

Hurlbut entregou esses testemunhos a Eber D. Howe, um editor de jornal cético em relação à Igreja, que os usou para apoiar a ideia de que o Livro de Mórmon era uma fraude. Howe publicou essas alegações em seu livro Mormonism Unvailed (1834), argumentando que Sidney Rigdon, um dos primeiros líderes da Igreja, havia obtido o manuscrito de Spaulding e o transformado no Livro de Mórmon.

Com o tempo, a Teoria Spaulding foi amplamente divulgada entre críticos da Igreja e chegou a ser considerada uma das principais explicações alternativas para a origem do Livro de Mórmon. No entanto, a teoria apresentava diversas falhas, incluindo a ausência de evidências concretas e a falta de qualquer conexão real entre Spaulding e Joseph Smith.

Diferenças entre o Manuscrito Spaulding e o Livro de Mórmon

Quando o manuscrito original de Spaulding foi descoberto em 1884 por L.L. Rice entre os pertences de Eber D. Howe, ficou claro que ele não guardava semelhanças significativas com o Livro de Mórmon. Rice e outros pesquisadores que analisaram os textos concluíram que a teoria Spaulding não era sustentável. James H. Fairchild, presidente do Oberlin College, afirmou: “a teoria da origem do Livro de Mórmon no manuscrito tradicional de Solomon Spaulding provavelmente terá que ser abandonada”.

As diferenças mais notáveis incluem:

• Narrativa e conteúdo: O Manuscrito Spaulding é uma ficção sobre romanos antigos chegando à América, enquanto o Livro de Mórmon é um registro religioso que descreve a jornada de povos israelitas para o continente americano e sua relação com Deus.
• Propósito e tom: O manuscrito de Spaulding tem um tom secular e é um romance histórico, enquanto o Livro de Mórmon tem um propósito espiritual, apresentando ensinamentos doutrinários e testemunhos de Cristo.
• Estilo de escrita: O Livro de Mórmon contém complexas estruturas literárias, como quiasmos, e citações de profetas antigos, algo inexistente no manuscrito de Spaulding.

O processo de tradução do Livro de Mórmon

Um dos principais pontos que refutam a Teoria Spaulding é o próprio processo de tradução do Livro de Mórmon. Testemunhas do evento relataram que Joseph Smith traduziu o livro por meio do dom e poder de Deus, usando instrumentos como o Urim e Tumim. Oliver Cowdery, principal escriba durante a tradução, declarou:

“Eu escrevi, com minha própria pena, todo o Livro de Mórmon (com exceção de algumas páginas), conforme ele saía dos lábios do Profeta Joseph Smith, enquanto ele o traduzia pelo dom e poder de Deus… Sidney Rigdon não o escreveu. O Sr. Spaulding não o escreveu. Eu o escrevi sozinho, conforme saía dos lábios do Profeta.”

Além disso, Emma Smith, esposa de Joseph, declarou que “nenhuma relação foi estabelecida entre Sidney Rigdon e a família Smith até depois que a Igreja foi organizada” e o Livro de Mórmon já havia sido publicado.

Sidney Rigdon, apontado como possível intermediário entre o manuscrito de Spaulding e Joseph Smith, chamou a teoria de “uma história fantasiosa” e afirmou não ter conhecimento da existência de Spaulding até que as acusações fossem tornadas públicas.

Manuscrito Spaulding vs. O Livro de Mórmon

A alegação de que o Livro de Mórmon foi baseado no manuscrito de Solomon Spaulding carece de evidências substanciais. A teoria surgiu por meio de relatos duvidosos coletados por críticos da Igreja, e quando o manuscrito original foi descoberto, ficou evidente que ele não guardava semelhanças com o Livro de Mórmon.

Além disso, os testemunhos das pessoas envolvidas na tradução reforçam que o Livro de Mórmon foi produzido por meios espirituais e não por plágio. Portanto, a Teoria Spaulding não se sustenta diante de uma investigação criteriosa.

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