A pior (e melhor) experiência que já ouvi ser compartilhada na Sociedade de Socorro
Sempre adorei a maneira como as irmãs podem aprender umas com as outras na Sociedade de Socorro. Acho que Eliza R. Snow não poderia ter dito melhor quando descreveu a primeira reunião da Sociedade de Socorro:
“Quase todas as presentes se levantaram e falaram, e o Espírito do Senhor, como um rio purificador, refrescou-lhes o coração” (Nosso Legado, Resumo da história de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, capítulo 5).
E há uma lição de que sempre me lembrarei ao ouvi a pior e a melhor experiência compartilhada na Sociedade de Socorro que mudou a maneira como eu pensava sobre o perdão.
Começou como uma aula comum da Sociedade de Socorro em uma ala de jovens adultos. Nossa professora havia acabado de delinear nossa lição sobre o perdão e deu um tempo para as irmãs compartilharem suas experiências.
Uma mulher levantou a mão e compartilhou como alguns comentários desagradáveis e falsos causaram muita dor de cabeça para um de seus parentes. Esses comentários até levaram ao eventual rompimento dessa parente e do missionário que ela esperava e tinha planos de se casar quando ele voltasse.
Ao final de sua história, essa irmã concluiu que jamais perdoaria a menina que começou tudo e causou tanto desgosto para sua parente e sua família.
Eu simpatizava com essa irmã. Todos nós não tínhamos alguém que estávamos lutando para perdoar porque nos machucaram ou magoaram alguém que amávamos?
A melhor experiência compartilhada na Sociedade de Socorro
Nos segundos tranquilos que se passaram após a história daquela irmã, percebi que a história dela não era tão diferente de muitas experiências que tive, e havia muito espaço para eu me desenvolver quando se tratava de perdão.
Enquanto eu pensava sobre isso e como as pessoas geralmente estão em diferentes estágios em direção ao perdão em suas vidas, outra jovem levantou a mão um pouco hesitante e compartilhou a seguinte experiência:
Quando era mais nova, essa irmã começou um relacionamento com um garoto que ela achava que parecia legal.
Com o passar do tempo, esse homem que parecia legal começou a abusar dela emocionalmente, mentalmente, fisicamente e sexualmente, fazendo-a acreditar o tempo todo que suas ações abusivas eram culpa dela.
Apesar de tentar, o homem não permitia que ela saísse daquele relacionamento. Ele a assediava constantemente, e chegou ao ponto em que ela teve que recomeçar sua vida para se libertar desse relacionamento que arruinou sua vida.
Ela disse que depois de tudo isso, depois de sofrer esse abuso que lhe disseram erroneamente que era culpa dela, ela lutou com sentimentos de ódio e ressentimento por esse homem, bem como sentimentos de baixa autoestima.
Ao lidar com esses pensamentos e sentimentos destrutivos, ela se voltou para o Salvador em busca de ajuda. Ao fazê-lo, ela foi capaz de encontrar a força d’Ele para perdoar o homem que a ofendeu de quase todas as maneiras possíveis.
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Entregar ao Senhor
Eu não conseguia nem imaginar a angústia da segunda irmã e como ela lidou com esse nível de abuso. Falando dessa forma, foi a pior experiência que já ouvi na Sociedade de Socorro.
Mas a beleza de entregar essa experiência ao Senhor e encontrar o poder de perdoar quando ela não tinha forças para fazê-lo sozinha também foi uma das melhores experiências que já ouvi.
Em seu discurso na conferência geral de outubro de 2013, intitulado “Queres Ficar São?”, o Élder Timothy J. Dyches descreve o quão poderoso e belo pode ser encontrar a força para perdoar por meio da Expiação do Salvador quando ele fala sobre Corrie ten Boom, uma cristã holandesa que foi presa em um campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Depois da guerra, ela muitas vezes falava publicamente de suas experiências, de cura e de perdão. Em certa ocasião, um ex-guarda nazista que fizera parte do doloroso confinamento de Corrie em Ravensbrück, Alemanha, aproximou-se dela, alegre com sua mensagem de perdão e amor de Cristo.
A experiência de Corrie compartilhada pelo Élder Dyches
“Como estou grato por sua mensagem, Fraulein”, disse ele. “Ao pensar, como você disse, que Ele eliminou meus pecados!”
“Ele estendeu a mão para cumprimentar-me”, relembra Corrie. “E eu, que havia pregado com tanta frequência (…) a necessidade do perdão, mantive a mão abaixada.
Mesmo quando os irados pensamentos de vingança ferviam dentro de mim, eu vi os pecados deles. (…) Senhor Jesus, orei, perdoa-me e ajuda-me a perdoá-lo.
Tentei sorrir [e] esforcei-me para erguer a mão. Não conseguia. Não senti nada, nem a menor centelha de calor ou caridade. Então novamente sussurrei uma oração silenciosa. Jesus, não consigo perdoá-lo. Dá-me o Teu perdão.
Ao tomar-lhe a mão, a coisa mais incrível aconteceu. Começando no ombro e ao longo do braço e através de minha mão senti uma corrente passar de mim para ele, enquanto meu coração se encheu de amor por aquele estranho, o que quase me tirou as forças.
Então descobri que não é mais de nosso perdão e de nossa própria bondade que depende a cura do mundo, mas dos Dele. Quando Ele nos diz para amar nossos inimigos, Ele nos concede, junto com o mandamento, o próprio amor.”
Embora haja coisas em nossa vida que são difíceis de perdoar, coisas horríveis e feias que acontecem conosco por causa dos outros, o Salvador está sempre lá para nos ajudar a curar em nosso próprio tempo.
E embora a experiência da segunda irmã que ouvi naquele dia na Sociedade de Socorro tenha sido a pior que já ouvi, também foi a melhor. Isso me ensinou o quanto é importante voltar-me para o Salvador e confiar em Sua Expiação em tudo o que não posso fazer sozinha, inclusive o perdão.
Fonte: LDS Living