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A música como uma grande fonte de cura

Acredito que a música pode criar uma atmosfera de paz, que convida o espírito do Senhor a curar nossos corações e nossas vida, acredito que o Salvador ensinou esse princípio.

O Cordeiro de Deus, sabendo que o peso do mundo cairia sobre Suas costas, e ao se aproximar de Sua morte, reuniu as pessoas mais próximas Dele para uma última ceia. Vale a pena ponderar sobre o sentimento daquele ambiente e as emoções daqueles que cercavam Cristo.

Seus apóstolos testemunharam um amor imensurável ao ver o coração de Deus ser quebrado.

Depois de testemunhar a traição de um e a lealdade de outros, ele ensinou sobre a ordenança do sacramento. Então, o Criador dos cosmos se voltou para a música, afim de encontrar consolo, tanto para seus discípulos, quando para Si mesmo.

Com as vozes unidas em um opus para o Pai, só posso imaginar como o som da voz do Salvador, harmonizado pelas vozes de Seu quórum de apóstolos, deve ter ecoado pela eternidade, enquanto o grande e eterno sacrifício era preparado para redimir todos os filhos de Deus.

“E tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.” Mateus 26:30

Assim como durante a última ceia, a música pode ter um papel instrumental em nossas vidas. Talvez exista uma música favorita que te faça sorrir, chorar ou dançar, uma melodia que traga sentimentos de nostalgia e que possivelmente nos ajude a ter sentimentos celestiais.

Nasci com uma complexa doença cardíaca congênita e disserem que eu viveria somente alguns dias, mas com a ajuda de Deus, desafiei as expectativas médicas e sobrevivi. Passei por uma série de cirurgias e doenças durante a minha infância. Sem poder praticar a maioria dos esportes e atividades físicas mais pesadas, busquei conforto na música.

Comecei a estudar piano aos 8 anos, mas eu era uma criança agitada, e não gostava das lições estruturadas e de ter que praticar. Depois de seis meses, minha mãe permitiu que eu desistisse. Apesar de não tocar nenhum instrumento, eu era obcecado por todos os tipos de música.

Durante o ensino médio, um momento decisivo me atingiu, quando um trágico acidente tirou a vida de um dos meus melhores amigos. Por ter sempre estado à beira da morte toda a minha vida, devido a minha doença cardíaca, não conseguia entender por que meu amigo tinha morrido e por que eu ainda estava vivo.

Durante meu luto, me vi sentado no banco do piano em nossa sala de estar. Gentilmente, toquei três notas e descobri uma melodia. De alguma maneira, espontaneamente toquei as notas e ali surgiu uma música.

Naquele momento maravilhoso, senti o espírito da música limpando a minha alma. De fato, senti o peso do luto sair de mim, e soube pelo Senhor, que meu amigo estava vivo e bem, no mundo espiritual.

Em minha juventude, a música sempre foi um recurso poderoso ao tentar entender o Divino. Eu havia me voltado para a música continuamente, para estar mais próximo do meu Salvador.

Depois de compor aquela primeira música, e descobrir meu dom para tocar piano, me senti inspirado a construir uma carreira na música com o intento de oferecer o mesmo senso de paz para outras pessoas.

Como artista, produtor, compositor e intérprete, pude estar ciente de que a minha música tem sido um instrumento para ajudar outras pessoas a sentirem e reconhecerem as ternas misericórdias de Deus.

Por exemplo, fiquei sabendo sobre um rapaz nascido em Bagdá, que estava sofrendo de depressão. A guerra havia tirado sua família e seu coração estava cheio de raiva. Ele queria desistir de sua vida.

Naquele momento, ele trabalhava em meio as tropas na base militar dos Estados Unidos. Um dia, ao passar por um dos quartos na base, ele ouviu um soldado que escutava um piano tocar em seu notebook.

O jovem foi atraído pela música e chegou mais perto para escutar. O soldado aumentou o volume, e as lágrimas começaram a escorrer dos olhos do jovem rapaz. Ele sentiu o amor em sua alma machucada.

“Qual é o nome dessa música?” ele perguntou ao soldado.
“Você gosta dessa música?” o soldado respondeu,
“Sim,” ele disse. “Qual é?”
“Se chama ‘Redentor,’” respondeu o soldado.

Aquele jovem iraquiano, desesperado para entender o seu valor aos olhos de Deus, me enviou um e-mail dizendo, “Foi a música ‘Redentor’ que me preencheu. Eu estava com tanta dor, sozinho e iria me suicidar. Alá (Deus) mudou o meu coração. Eu preciso viver.”

Em uma outra parte da vinha do Senhor, Ryan me escreveu, “Não sei se você lerá isso, mas me sentiu compelido a te contatar essa manhã, para que você saiba que a sua música me guiou em minha recuperação contra o alcoolismo, em meu nascimento espiritual e no desenvolvimento do meu relacionamento com o Espírito Santo.”

Outros fãs tiveram experiências similares. Collen escreveu, “Nosso filho retornou para casa, com câncer, após servir 14 meses no campo missionário – passamos 8 meses no hospital e quase perdemos nosso filho diversas vezes – quero que você saiba o quanto amamos escutar a sua música – nos ajudou a dormir, no elevou e era tão calma. Podíamos sentir o amor do nosso Salvador e nossos anjos da guarda. Obrigada por todas as horas de prática e aperfeiçoamento do seu talento – e por ter a coragem de buscar sua vocação na música. Você verdadeiramente abençoou nossas vidas. Nós o admiramos e queremos que você saiba disso.”

Uma estudante da Universidade de Nova Iorque, estava passando por um momento difícil nos estudos. Ela estava se sentindo consumida pelo mundo quando me escreveu, “Toda vez que me sinto frustrada, estressada ou triste, escuto sua música, e me sinto em paz.”

Esses são somente alguns exemplos de pessoas que encontram conforto na minha música. Não tenho controle sobre quem está ouvindo, mas o Senhor sabe quem está buscando por conforto e como ajuda-los.

Já que o coração da minha música é a mensagem do evangelho, é interessante notar os relatórios demográficos que aplicativos como Pandora, Spotify, Amazon e iTunes mostram sobre as 25 milhões de pessoas, que me ouvem e que representam uma grande diversidade religiosa, cultural, política, racial e de gênero.

Nunca tratei meus arranjos para hinos como se fosse estritamente para Santos dos Últimos Dias. Na verdade, meus arranjos de “Que manhã maravilhosa” e “Eu sei que vive meu Senhor” já foram tocados por Igrejas Metodistas, Batistas e Católicas. “One By One” que foi escrita junto com o Élder Bednar, foi tocada em Missas de Natal em Seattle, Cleveland e Boston.

É claro que a música tem um papel essencial na adoração. O Élder Parley Pratt sugeriu que Deus usa a música para conquistar Seus objetivos de “levar a efeito a imortalidade a vida eterna” de Seus filhos. Portanto, a música é mais do que uma expressão artística. É uma ferramenta celestial, usada pelo Divino para revelar os Seus sentimentos de amor por Seus filhos. Como o Presidente David O. McKay disse:

“A música é verdadeiramente a linguagem universal e, quando expressada com excelência, ela toca profundamente nossa alma”.

Para aquele que estão desesperados para se sentirem inspirados e santos, ou simplesmente calmos, posso prescrever que encham suas vidas com música que inspirem, edifiquem e enriqueçam o espírito humano.

Nem todos nós concordaremos em qual gênero ou tipo de música atinge a nossa meta, por isso é importante respeitar os gostos musicais das outras pessoas, incluindo outras denominações de tradição cristã.

Gosto da recente história contada pelo presidente Russell M. Nelson quando ele falou na convenção nacional da NAACP:

“Há alguns anos atrás, tive o privilégio de receber o Reverendo Davis em uma apresentação do Coro do Tabernáculo na Praça do Templo. Agora, temos muito orgulho do Coro do Tabernáculo, que é reconhecido mundialmente.Quando o concerto terminou, perguntei ao Reverendo Davis o que ele tinha achado do programa. “Foi muito bom,” ele respondeu graciosamente, “mas faltou espírito. Se você quer sentir o espírito na música, você deveria ir a minha igreja.” Então, minha esposa e eu fomos. E ele estava certo. A energia do coro da Igreja Batista do Calvário foi algo surpreendente. Apesar de nosso gosto para música ser diferente, devo dizer que ele e sua igreja melhoraram nossa cidade de maneira tangível.”

Quando trabalhei em um álbum chamado “Songs of Praise” com um amigo meu que era pastor de uma outra denominação. Meu amigo estava usando a música para ajudar centenas de viciados a explorar um relacionamento com o Senhor.

Fui ao serviço de adoração da igreja dele, onde ele e sua banda faziam a congregação a cantar com as mãos para o alto. Aquilo era estranho para mim. Ao invés de ver algo errado, procurei pelo que era bom. E senti as pessoas ansiosas para serem curadas pelo Senhor. As batidas da bateria pareciam um grito de guerra de retidão.

A energia no salão era enorme. Ao final da reunião, ele cantou “Grandioso és Tu.” As lagrimas encheram os meus olhos. Eu estava enternecido pelo seu amor por Cristo. Observei outras pessoas que também choravam. O que eu poderia oferecer naquele momento?

Aquele foi o meu momento de receber. Entendi como a música é vital para ajudar cada um de nós, a acessar nossos sentimentos espirituais. A adoração deles era uma celebração. Cristo conquistou a morte. Seja feliz!

Além de ir à reunião sacramental semanalmente, tento ir a outros serviços de adoração em uma variedade de igrejas Cristãs, onde meu testemunho do Salvador tem sido fortalecido pelas músicas que ouço. Na verdade, eu honestamente gosto da inspiração e dos efeitos espirituais de todos os tipos de músicas de adoração.

Para concluir, o Salvador tem nos abençoado com música para nos ajudar a acessar o Seu amor redentor. Se você toca um instrumento, escuta o seu álbum favorito, ou compartilha uma música com alguém que precisa, a ciência prova o que o Salvador já havia nos oferecido.

Pesquisadores da Universidade McGill descobriram que “a música melhora o sistema imunológico e reduz os níveis de estresse. Também foi descoberto que ouvir música é mais efetivo do que o uso de medicamentos para reduzir a ansiedade antes de cirurgias.”

Da mesma forma, de acordo com o Harvard Women’s Health Watch, um crescente número de pesquisas, atesta que pacientes que ouvem música antes de procedimentos médicos, têm menos ansiedade e menor necessidade de sedativos.

Pessoas que ouvem música em salas de operação reportaram menos desconforto durante o procedimento. E aquele que ouvem música na sala de recuperação usam menos medicamentos opioides contra dor.

Meu último álbum, Peaceful Piano, oferece a quem escuta, uma hora de melodias calmas e instigantes que convidam o espírito de paz e esperança. O álbum é um tributo aos dez anos que se passaram, após eu receber um transplante de coração, e ecoa minha gratidão ao Senhor.

Nota: Paul Cardall é um pianista americano, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Sua música é classificada como cristã. Ele produziu várias composições originais e arranjos musicais. Recentemente, ele foi um dos artistas nomeados a álbum do ano pela Gospel Music Association’s Dove Awards e foi o ganhador do prêmio.

Fonte: Meridian Magazine

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