Por que Deus está disposto a nos perdoar mais rápido do que podemos imaginar?
Existem muitas razões pelas quais Jesus veio a terra, e a palavra expiação incorpora todas elas, mas penso que se tivesse que especificar, eu diria que a essência da vida Dele é centralizada no perdão.
Joseph Smith falou sobre isso quando escreveu:
“Agora, o que ouvimos no evangelho que recebemos? Uma voz de alegria! Uma voz de misericórdia do céu.” (D&C 128:19).
A Salvador é a encarnação, a personificação, o grande arquiteto do perdão e da misericórdia. O perdão é inerente em quase todos os atos da vida Dele.
É a qualidade mais significativa do Pai que Jesus nos ensinou com Suas palavras e nos mostrou através de Seu exemplo.
Com certeza, as palavras mais bonitas que ele falou em seus últimos momentos de agonia foram:
“Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.” (Lucas 23:24)
Sempre que sinto que minha vida está difícil, leio essas palavras e o sentimento de perdão preenche a minha alma.
Acredito que seja crucial que alcancemos um certo nível de conhecimento sobre quão fácil é para Ele perdoar. Ele se deleita no perdão. Ele é misericórdia e Ele é amor.
Talvez tenhamos problemas para reconhecer essa benção, e isso nos faz questionar o nosso relacionamento com Deus.
“Porque os meus apensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor.” (Isaías 55:8).
Às vezes, preciso me relembrar de que Deus não enxerga as coisas do meu ponto de vista. A humanidade criou uma imagem de Deus em sua própria imagem, justificando até os atos mais terríveis.
Porém, os caminhos e pensamentos do Senhor são misericordiosos e Ele nos perdoa, enquanto que a humanidade pode não assim.
O Deus que “não leva em conta”
Quão abundante é “abundante”? Literalmente, centenas de escrituras me vêm à mente. Penso nas palavras de Paulo para os cidadãos de Atenas, quando ele as ensinava na Colina de Marte.
Ele vagou por Ágora, que estava cheia de ídolos e templos para deuses pagãos, que eram idolatrados por séculos.
Ali havia uma violação dos dois primeiros dos dez mandamentos. No entanto, tudo foi tão facilmente descartado com algumas palavras no discurso de Paulo.
“Não levando em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam” (Atos 17:30)
Paulo sabia que Deus não levava em conta, porque este mesmo Deus, o tinha perdoado quando ele era hostil e intolerante ao viajar a caminho de Damasco.
Paulo é descrito como “respirando ainda ameaças e mortes,” algo que infelizmente, ainda acontece com muita frequência dentro entre as pessoas.
Ele não pediu ao Senhor que intervisse em sua vida. E ainda sim, o Senhor o questionou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”
Aqui, o Senhor não estava levando em conta. Aquele chamado mudou tudo. Paulo falaria sobre aquilo pelo resto de sua vida, como o momento definitivo de sua vida mortal – um momento de perdão.
Aquele momento transformou Paulo no homem que espalharia o cristianismo e asseguraria a sua continuidade.
Em sua epístola a Timóteo, Paulo tento explicar a razão pela qual Deus havia mostrado misericórdia:
“Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso foi-me concedida misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.”(1 Timóteo 1: 15-16)
Antes Paulo havia dito a Timóteo:
“Mas graça de nosso Senhor transbordou com a fé e amor que há em Jesus Cristo.” (1 Timóteo 1: 14)
Os exemplos de perdão no Livro de Mórmon
As escrituras trazem histórias extremas que não se encaixam nas normas da vida. Elas são construídas desta maneira por uma razão.
Se Deus perdoou Paulo, Ele pode nos perdoar também. Para que não duvidemos disto devido a pressão de nossa própria culpa, o Senhor nos oferece outras histórias para esclarecer esse ponto, e muitas delas estão no Livro de Mórmon.
Todos que pedem perdão no Livro de Mórmon o recebem, e o recebem imediatamente!
- Amon e os Filhos de Mosias (Alma 26:18-20)
- Alma o Filho (Alma 36:14-15, 18-19, 22)
- Néfi (2 Néfi 4:18-19)
- Enos (Enos 1:5)
- O povo do Rei Benjamin (Mosias 4:3)
- Zeezrom (Alma 15:5)
- Rei Lamôni (Alma 18:41)
- Coriânton (Alma 42:31)
- Os lamanitas que estavam preparados para matar o Profeta Néfi (Helamã 5:43-44, 47)
Todos esses exemplos do perdão amoroso de Deus são destacados em Terceiro Néfi, quando a voz de Jesus fala através da escuridão e destruição, as lindas, suaves e convidativas palavras:
“Quantas vezes vos ajuntei como a galinha ajunta seus pintos sob as asas e alimentei-vos… quantas vezes vos ajuntarei como a galinha junta seus pintos sob as asas, se vos arrependerdes e voltardes a mim com firme propósito de coração” (3 Néfi 10:4-6)
“Quantas vezes vos ajuntei”
Quando lemos todos esses relatos, nos enchemos do espírito do perdão, e na graça desse espírito, também podemos perdoar e acreditar que podemos ser perdoados.
Podemos não ter esse espírito de perdão em nossos corações constantemente, mas podemos sentir por um momento, e esse momento pode se expandir com o tempo.
Dentro desses exemplos, não aprendemos somente sobre perdão, mas aprendemos sobre o crescimento da confiança no reino de Deus.
Não existe lista negra no céu. Se nos arrependemos verdadeiramente, nada de ruim fica gravado. Nenhuma oportunidade futura ou benção é perdida para sempre ou até mesmo durante a mortalidade.
Acredito fortemente que o perdão, quando dado ao próximo ou recebido, não é uma ação da mente, mas uma ação da alma. Podemos acreditar que Deus pode tornar uma vida de cor escarlata, em uma vida branca como a neve (Isaías 1:18).
E isso é possível por causa do tipo de Deus que ele é – o Deus que não leva em conta, o Deus de Paulo e Alma, de Enos e Lamôni – o Deus que perdoa além da amplitude, extensão, profundidade e altura do nosso entendimento, o Deus que perdoa acima de tudo que podemos pedir ou pensar, o Deus infinito como a eternidade.
Fonte: LDSLiving